Amostra do capítulo 05
... Como os crimes aconteciam à noite, resolveu preparar
uma tocaia de madrugada contanto com a ajuda de um voluntário integrante da
patrulha. Manoel era seu nome.
Manoel ficou sentado em um ponto de ônibus próximo
do túnel Mata Fria, vestindo roupas simples e levava escondido apenas um
revólver calibre 38 preso na perna e uma faca na cintura. Rodrigo e os demais
integrantes da patrulha ficaram escondidos e camuflados no mato próximo de Manoel.
O ponto de ônibus foi cuidadosamente preparado com
areia espalhada pelo chão para registrar possíveis pegadas. Câmeras foram
espalhadas pelo local apontando para o ponto de ônibus. Nos primeiros dias nada
aconteceu. Porém no quarto dia ocorreu uma terrível batalha.
Às quatro horas da madrugada, eles ainda estavam escondidos,
mas relaxados e prontos para voltarem para suas casas, pois eles estavam certos
de que nada aconteceria como nos primeiros dias, quando um grito tenebroso e estridente
soou no meio da mata e, ao som de galhos sendo quebrados, uma gritaria e tiros
começaram a serem ouvidos por todos os lados.
Era noite de lua cheia o que levou os homens a
dispensar seus óculos de visão noturna o que agravou as consequências do ataque
sofrido.
Enquanto Manuel tentava pegar sua arma, um vulto
negro caiu sobre ele e fez um rasgo na carne que ia da testa até a cintura. O
sangue jorrava da ferida quando um segundo rasgo aparece formando um xis
vermelho sangue. Manoel cai para trás com os olhos abertos e arregalados e suas
entranhas caem ao chão pelo centro do xis.
Um homem atira a esmo em direção ao vulto que
acabava de derrubar Manoel e vinha ao seu encontro. Foi tão rápido como uma
piscadela e sua cabeça voou longe enquanto balas ainda jorravam de sua arma e
atingia um dos homens bem na cabeça.
O vulto negro parece sumir no ar e os homens num
gesto de defesa ensaiada colam costas a costas esperando que um proteja o
outro, mas quando o vulto reaparece dois homens caem juntos com um enorme furo
esguichando sangue em ambos os peitos e eles fecham os olhos pela última vez.
Rodrigo sente um arrepio percorrer seu corpo e num
gesto automático gerado pelos longos anos de experiência nas caçadas ao lado de
seu pai, pula de costas no chão ao mesmo tempo em que aperta o gatilho de sua
arma automática. Um grito mais parecendo um som gutural ecoa ao seu lado e um
líquido quente e pegajoso espirra no rosto de Rodrigo e o pesado vulto negro
choca-se com as árvores e desaparece na escuridão.
Quando ele cai de costas no chão, um galho quebrado
e pontiagudo atravessa o ombro esquerdo de Rodrigo que bate a cabeça com
violência no tronco de uma árvore. Antes de a escuridão tomar conta de sua
mente ele ouve ao longe um urro que fez seu sangue gelar. Por uns dez segundos
ele permanece imóvel e desacordado, mas repentinamente recobra os sentidos
sentindo um enorme dor na cabeça e no ombro.
O silêncio na escuridão prateada da madrugada é
quebrado pelos gritos dos homens que a vida ainda lhes sorria e o vento frio
tocava seus corpos...